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Micotoxinas na produção de ruminantes: como interpretar as análises?

Cientista analisando espiga de milho na plantação

Os fungos podem produzir mais de 500 tipos de micotoxinas e é um trabalho complexo monitorar os níveis de contaminação dos alimentos. Além de tomar todos os cuidados com as coletas das amostras, existem diversos tipos de análises e a interpretação é um passo importante para tomadas de decisão.

Principais tipos de análises

Primeiramente, é importante adotar padrões de coleta e planos de amostragem para o monitoramento, pois diferentes metodologias de amostragem e análises vão impactar em diferentes resultados, dificultando a interpretação e, por fim, a tomada de decisão. De modo geral, as amostras são analisadas por kits rápidos, NIRS, teste ELISA, HPLC e UPLC. Todos eles têm seus pontos positivos e pontos fracos. Os dois primeiros são indicados apenas para matérias-primas convencionais, como o milho, mas não são indicadas para análises complexas como as de materiais fibrosos ou de dieta total misturada. Já o ELISA e o HPLC podem ser empregados para análises mais complexas, como as de dietas, mas podem apresentar resultados falsos positivos, quando componentes com estruturas semelhantes estão em conjunto na mesma amostra. Por fim, o UPLC é uma análise com maior especificidade, que faz a avaliação a partir da massa molecular, porém ainda é uma análise com alto custo, inviabilizando análises de rotina.

Valores de referência

É possível encontrar valores de referência para cada micotoxina em separado, tanto para cada espécie e categoria, quanto ao máximo tolerável por matéria-prima. A legislação brasileira restringe apenas um tipo de micotoxina: a aflatoxina., ela não é a que apresenta maior risco à produção, reprodução e saúde do animal, mas por ser encontrada no leite de vaca, tem merecido uma atenção especial.  De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)1, qualquer matéria-prima a ser utilizada diretamente ou como ingrediente para rações destinadas ao consumo animal devem ter no máximo 50 μg/kg (ppb) de aflatoxinas.

A União Europeia tem uma legislação mais abrangente, e quem procura trabalhar em gestão de risco de alto nível segue as seguintes determinações para ruminantes (Tabela 1):

Micotoxina

Especificação

Valor limite (ppb)

Aflatoxina

Todos os alimentos

20

Dieta de Vacas de Leite

5

Dieta de Bezerros

10

Dieta de Bovinos de Corte

20

Deoxinivalenol

Todos os alimentos

5.000

Dieta de Vacas de Leite

1.000

Dieta de Bezerros

500

Dieta de Bovinos de Corte

2.000

Zearalenona

Todos os alimentos

2.000

Dieta de Vacas de Leite

500

Dieta de Bezerros

500

Dieta de Gado de Corte

1.000

Ocratoxina

Todos os alimentos

5.000

Dieta de Vacas de Leite

1.000

Dieta de Bezerros

500

Dieta de Bovinos de Corte

1.000

Fumonisina

Todos os alimentos

60.000

Dieta de Vacas de Leite

20.000

Dieta de Bezerros

10.000

Dieta de Bovinos de Corte

50.000

T-2

Todos os alimentos

5.000

Dieta de Vacas de Leite

100

Dieta de Bezerros

50

Dieta de Bovinos de Corte

200

Tabela 1 – Níveis aproximados de tolerância de cada micotoxina para ingredientes e para diferentes categorias de ruminantes2.

Certo, agora que já sabemos quais os níveis de tolerância de cada micotoxina para cada categoria de ruminantes, é só fazer uma análise e comparar os resultados com cada valor de referência, correto? Bem, não é bem por aí que funciona a interpretação de laudos de contaminação por micotoxinas. Vejamos um exemplo em um experimento de pesquisa. Pesquisadores3 avaliaram a proliferação de macrófagos, que são células de defesa frente à algumas micotoxinas produzidas por Penicillium. A avaliação é feita da seguinte maneira: quanto maior a proliferação de macrófagos melhor está a imunidade do animal, então quanto menor, pior a resposta imune.

Na figura 1, por exemplo, podemos observar três cenários relacionados à imunidade. No tratamento controle, a proliferação de macrófagos estava normal. Ao ser adicionado ácido penicílico (PA), muito comum em silagens mal armazenadas, as células de defesa caíram aproximadamente 70%. Já quando se adicionou apenas ocratoxina (OTA), a proliferação caiu pra próximo de 60%. Caso não houvesse efeito de sinergia entre essas, para interpretar um laudo com níveis dessas toxinas, seria normal fazer uma média do efeito observado, e o resultado seria entre 60 a 70% de proliferação de macrófagos com as duas juntas. Mas como se observa na ilustração não é isso que ocorre. O resultado é alarmante:  com as duas micotoxinas juntas (OTA+PA) há um efeito tóxico sinérgico e a proliferação das células de defesa fica completamente deficiente, próxima dos 10%.

Figura 1 – Proliferação de macrófago na presença de diferentes micotoxinas e da combinação das mesmas4.

Sendo assim, não é possível ler um laudo de análises de micotoxinas como se lê um exame de sangue, no qual olhamos ponto a ponto e comparamos os resultados à uma referência do nível normal e aceitável. É preciso entender das interações e saber quais efeitos tóxicos aumentarão em caso de sinergia. Portanto, fazer a análise é importante, mas saber interpretar é fundamental!

Como analisar a presença de micotoxinas de maneira eficaz?

Para facilitar a interpretação e gerar um histórico na gestão de micotoxinas, a Alltech criou uma equação, na qual o algoritmo considera o risco equivalente das micotoxinas e leva em conta a interação e sinergias dentro de um laudo. Tudo isso resulta em um único número, chamado REQ (Quantidade de Risco Equivalente, traduzido para português). Assim, se pode contar com uma interpretação precisa do risco e tomar as devidas precauções para evitar problemas aos animais, como efetuar limpezas de equipamentos, rever formulações com ingredientes de alto risco, e ajuste de dose de adsorvente de micotoxinas Mycosorb A+.

A Alltech conta com um dos laboratórios mais completos em análises de micotoxinas do mundo, os laboratórios 37+, localizados em Lexington, nos EUA e Dunboyne, na Irlanda, conseguem analisar 54 micotoxinas por UPLC nas amostras de forma simultânea, trazendo a melhor análise de risco de alimentos destinados à nutrição animal. Para qualquer desafio de risco, o adsorvente Mycosorb A+ é um aliado indispensável ao pecuarista para atingir sempre o potencial genético máximo dos animais.

Bibliografia:

1 BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria MA/SNAD/SFA No. 07

2 Adaptado de EUROPEAN UNION. Commission Regulation nº 165 of 03 April 2013. Official Journal of the European Union.

3 Oh et al., 2012

4 Adaptado de Oh et al., 2012


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