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Cultivo de peixes em sistema de bioflocos

Cultivo de peixes em sistema de bioflocos

O Sistema de Cultivo em Bioflocos (BFT, sigla em inglês) é um sistema intensivo sem renovação de água que foi desenvolvido inicialmente para camarão marinho e tem mostrado grande potencial no cultivo de peixes. A estrutura é impressionante: são verdadeiras fábricas de peixes que possibilitam densidades superiores a 30 quilos de peixe por metro cúbico de água e ainda permitem a reutilização da água.

O que são bioflocos?

São partículas de material floculado, colonizado por bactérias heterotróficas e outros microrganismos que se desenvolvem naturalmente no sistema. Estas bactérias possuem a capacidade de assimilar os compostos nitrogenados, o que possibilita a reutilização da água do cultivo por diversos ciclos. Além disso a biomassa microbiana é rica em nutrientes essenciais que podem servir de suplemento alimentar para os peixes e camarões cultivados.

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Vantagens do sistema BFT

Como a necessidade de trocas de água é praticamente eliminada, o sistema BFT permite a produção de peixes em locais onde antes não era possível. Em termos de sustentabilidade isto é muito interessante, pois, além da economia de água, permite que a produção esteja bem mais perto do mercado consumidor, reduzindo os custos com transporte e, por consequência, o valor na prateleira. Também é um sistema que permite a aplicação de medidas de biossegurança e grande controle da qualidade da água, o que favorece o cultivo de espécies sensíveis e de alto valor agregado.

Outra vantagem que pode ser destacada é a possível redução dos custos com alimentação. Espécies filtradoras como as tilápias ou detritívoras como os bagres são beneficiados pelo alimento suplementar fornecido pelo sistema. Além disso estudos recentes já demonstraram que esse sistema apresenta grande potencial como promotor de saúde aos organismos cultivados. As bactérias heterotróficas adicionadas junto ao material floculado têm a ação de inibir a proliferação de bactérias patogênicas no sistema e também beneficiar a saúde intestinal dos animais.

Desafios do sistema BFT na produção de peixes

Este tipo de sistema exige um manejo bastante rigoroso por parte dos produtores. Altas densidades implicam em maior produtividade, mas também aumentam o risco para o produtor.

O monitoramento da qualidade da água deve ser constante e caso a aeração seja desligada - mesmo que por pouco tempo - o sistema já pode ter seu funcionamento afetado. Por isso, é recomendado o uso de geradores para prevenir possíveis quedas de energia.

Outro ponto de atenção são os desafios sanitários, assim como em qualquer outro sistema intensivo. Além disso os animais cultivados em água doce estão mais suscetíveis a bactérias patogênicas oportunistas que podem se aproveitar de possíveis desequilíbrios no sistema. O uso de aditivos nutricionais e bioremediadores de qualidade são estratégias fundamentais para lidar com estas situações. O enriquecimento dos flocos com substâncias imunoestimulantes é outra possibilidade que está sendo avaliada. É importante lembrar também que a escolha da espécie adequada se faz essencial para o sucesso da criação, uma vez que nem todos os peixes se adaptam à água turva rica em partículas sólidas.

O que muda em relação aos sistemas tradicionais de piscicultura?

Não é necessário renovar a água dos tanques, mas estes devem ser constantemente aerados com um compressor de ar ou outro sistema de aeração intensiva. Para facilitar o manejo e o controle da produção normalmente são utilizados tanques pequenos revestidos com estruturas que facilitam a higienização e o manejo.

A principal mudança no manejo no sistema de BFT em relação aos sistemas tradicionais de produção é que são adicionadas fontes exógenas de carbono, como o farelo de arroz ou melaço, para melhorar a relação carbono-nitrogênio no sistema e favorecer o crescimento das bactérias heterotróficas.

São demandadas dietas de qualidade para suportar taxas de crescimento. Além disso, espécies muito sensíveis podem não tolerar o manejo mais intenso que ocorre no sistema.

Autor: Professor Thiago El Hadi Perez Fabregat 


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