Menos que rende mais
O mercado global de rações para animais, pela primeira vez nos últimos cinco anos, teve queda de 1,07%, segundo a pesquisa Alltech Global Feed Survey 2020. Essa queda se deve, principalmente, à Peste Suína Africana (PSA), que resultou no declínio de ração suína na região da Ásia Pacífico. Por outro lado, nas outras regiões do globo foram observados crescimentos, como por exemplo os 2,2% registrados na América Latina, que manteve o Brasil como líder de produção, com 70,4 milhões de toneladas produzidas em 2019, ocupando a terceira posição mundial, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
O mercado de pet food também acompanhou este cenário de crescimento, tendo aumentado sua produção total em 4%, quando comparada a 2018, atingindo a marca de 27,6 milhões de toneladas de ração produzidas em todo o mundo.
Com esse cenário aquecido, também tem crescido a preocupação do mercado em oferecer um alimento de qualidade aos animais domésticos, propiciando bem-estar e segurança alimentar a essas espécies. Ao buscar as melhores práticas para essas dietas, é importante a escolha da fonte dos nutrientes que serão incluídos, inclusive do potencial nutricional de cada um desses compostos, minimizando riscos e aumentando a segurança alimentar e bem-estar para essas espécies.
Dentro dessas dietas, a adição de minerais nas rações é a principal fonte de suplementação de nutrientes aplicada pelo mercado. Dentre as substâncias, se destacam o cobre, zinco, ferro, iodo, manganês e selênio como essenciais para uma receita de qualidade aos animais. Entretanto, a melhor forma de utilização dessas substâncias ainda gera dúvidas. Orgânicos ou inorgânicos? Se você escolheu a primeira opção, saiba que está no caminho certo para o desenvolvimento sustentável do setor de rações para pets.
A utilização dos minerais orgânicos pode ser considerada o futuro da nutrição adequada e funcional, tornando as dietas melhores e mais eficientes às necessidades dos animais. Isso ocorre porque esses compostos são ligados a aminoácidos e peptídeos de cadeia curta, sendo melhor absorvidos pelo organismo e indo atuar diretamente nos órgãos ativos, proporcionando respostas mais rápidas e eficientes para melhor atividade metabólica de cães e gatos.
Os minerais orgânicos permitem maior segurança a contaminações externas de outras substâncias, como chumbo e mercúrio, todas tóxicas e que podem causar diversos problemas à saúde dos pets, além de garantirem a biodisponibilidade, sendo aproveitados com maior eficiência pelo organismo do animal, resultando em melhores qualidades dermatológicas, observadas na pele e no pelo dessas espécies.
Outro aspecto positivo é que, em sua forma orgânica, essa propriedade permite inserção em menor quantidade na ração em comparação aos inorgânicos, e auxilia na diminuição da interferência de outros nutrientes no trato digestivo do animal. Os inorgânicos acabam por reagir entre si e com outros elementos, como por exemplo, a gordura diminui a absorção de zinco e as fibras prejudicam o processamento dos microalimentos minerais, resultando em um baixo aproveitamento nutricional. Já os orgânicos conseguem ação mais efetiva junto do organismo, tendo atividade em todas as reações do metabolismo que envolvam questões imunológicas, garantindo maior segurança à saúde.
É preciso também que as dietas sejam elaboradas com atenção ao percentual desses minerais. A alimentação dos animais é inserida pelas rações, que muitas vezes não tem os ingredientes em quantidades necessárias para atender as demandas nutricionais dos pets. Essas substâncias devem estar presentes na dieta em uma quantidade correta. A não suplementação desses minerais pode levar a várias carências aos animais, como problemas de peso, falha reprodutiva, diminuição da imunidade, resposta imunológica e inflamatória, entre outros.
E essa é uma tendência que está sendo verificada no mercado. Em estudos, dentro da Universidade Federal de Lavras (UFLA), foi possível observar que uma redução de 60% nos minerais utilizados nessas rações resulta em um melhor desempenho imunológico dos animais. Essas análises nutrigenômicas nos mostram que é preciso diminuir essas substâncias, seja na forma orgânica ou inorgânica, sob risco de prejudicarmos o metabolismo dessas espécies. Está claro que há uma superestimação da quantidade recomendada, sendo que nossos experimentos mostraram que as dietas de cães e gatos com suplementação de 40% com os minerais orgânicos utilizados nestes experimentos, comparados com uma suplementação de 100% de minerais inorgânicos, se mostrou a ideal.
Esses índices também têm sido verificados pela National Research Council (NRC), conselho internacional de pesquisadores de biologia animal. A sede do órgão é nos Estados Unidos e tem a função de avaliar e referendar as pesquisas de nutrição de cada espécie, utilizando os resultados obtidos pelos pesquisadores de todo mundo para criar padrões de dietas, como por exemplo, no uso de minerais na alimentação de cães e gatos.
E essa redução auxilia também o meio ambiente. Por serem recursos finitos, a utilização consciente dessas substâncias impacta em um desenvolvimento sustentável para o setor. Outro ponto que auxilia à natureza é a diminuição da emissão dos minerais e monóxido de carbono nas excreções dos animais, potencializada com maiores concentrações de compostos inorgânicos nas rações dos pets.
Por isso é importante que o mercado reveja seus índices de recomendação de minerais nas dietas, seguido pela adoção dessas substâncias em forma orgânica. Seja pelo excesso ou pela falta, a suplementação desses compostos nas rações impacta no bem-estar animal, gerando diversas consequências negativas. Também é necessária maior análise de quais minerais estão sendo utilizados, tendo controle das propriedades e impactos para a nutrição animal. É preciso seguir os caminhos indicados pelos estudos recentes e promover uma alimentação segura para os pets, com maior imunidade a doenças e menor impacto à natureza.
Autoria: Dra. Flavia Borges editado pela equipe da Alltech do Brasil.