Conheça os mecanismos de defesas de peixes e camarões
Assim como os humanos, os peixes também contam com mecanismos naturais de defesa para evitar a infecção por patógenos (parasitos diversos, bactérias, fungos e vírus). Conhecer essas características fisiológicas permite que sejam adotadas as medidas de manejo necessárias para os desafios da produção aquícola.
Ilustramos nas figuras a seguir os mecanismos naturais de defesas de peixes e camarões. Confira!
Mecanismo de defesa dos peixes:
- Muco sobre corpo e brânquias, e muco recobrindo o epitélio gastrointestinal: é uma barreira física e antiaderente, de formação química (enzimas que destroem membranas celulares e organelas dos patógenos e substâncias de ação antimicrobiana - AMP) e biológica (células de defesa que atacam e destroem corpos estranhos - fagocitose - e células ligadas à síntese de anticorpos - linfócitos).
- Escamas e pele: barreira física que dificulta a fixação e a penetração de patógenos através da pele.
- Células de defesa: são compostas pelos leucócitos (glóbulos brancos que geram células de defesa) e pelos macrófagos (glóbulos brancos que realizam a fagocitose, destruindo e desinfectando um patógeno ou corpo estranho). Outro tipo de célula de defesa é o linfócito, que produz imunoglobulinas ou anticorpos.
- Sistema de complemento (ACH): são proteínas que auxiliam na identificação (ou marcação) de um patógeno ou corpo estranho, facilitando assim o seu reconhecimento pelas células de defesa.
- Substâncias oxigenadas reativas (ROS): compostos com radicais oxigenados de ação oxidante que servem para destruir as células de um patógeno.
- Produção de anticorpos / memória imunológica: os macrófagos apresentam aos linfócitos os fragmentos do patógeno destruído na fagocitose. Os linfócitos então sintetizam imunoglobulinas (ou anticorpos) específicas que auxiliam no combate de novas infecções causadas por aquele patógeno específico. Esse processo é similar ao que ocorre na administração de vacinas.
Mecanismo de defesa dos camarões:
- Exoesqueleto (cutícula): barreira física que dificulta a fixação e penetração de patógenos. A hemocianina e diversos compostos oxidados de fenol foram identificados tanto na camada mais externa (exocutícula) como na mais interna (endocutícula). Acredita-se que eles possam contribuir com essa primeira barreira de defesa contra patógenos.
- Células de defesa: conhecidas como hemócitos, são células circulantes que fagocitam os patógenos e outros corpos estranhos. Participam dos processos de granulação, encapsulação, coagulação, reparação de tecidos, bem como da ativação dos mecanismos da feniloxidase.
- Proteínas de reconhecimento padrão (PRP): reconhecem padrões moleculares (PAMP´s) na superfície dos microrganismos/patógenos, facilitando assim os processos de reconhecimento, aglutinação e fagocitose. Exemplos dessas proteínas nos camarões são BGBP (B-glucan binding protein) e LGBP (lipoprotein and glucan binding protein).
- Substâncias oxigenadas reativas (ROS): compostos com radicais oxigenados de ação oxidante que servem para destruir as células de um patógeno. Ainda há os processos de aglutinação e melanização (escurecimento) desencadeados pela reação da enzima fenoloxidase (PO). A aglutinação e a melanização ajudam a conter o avanço de uma infecção ou ferimento pontual seguido de infecção por um patógeno.
- Produção de anticorpos / memória imunológica: Em geral, acredita-se que os crustáceos não apresentam produção de anticorpos ou memória imunológica. Por isso não há ainda vacinas desenvolvidas para camarões. Um estudo recente com a injeção do vírus da mancha branca (WSSV) irradiado com raios gama demonstrou redução da mortalidade de L. vannamei após a infecção experimental com esse vírus. O plasma de camarões que foram infectados e sobreviveram foi capaz de neutralizar o WSSV. Portanto, ainda há espaço para mais investigação sobre a capacidade de produção de anticorpos pelos camarões.
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