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Micotoxinas e suínos: uma meta-análise

As micotoxinas presentes nos alimentos para animais representam uma séria ameaça à saúde e à produtividade animal. Estes compostos, embora muitas vezes invisíveis, podem causar estragos nos sistemas e órgãos animais, diminuindo a sua função hepática e renal, fertilidade, imunidade, ingestão de ração e ganho de peso.

Uma publicação recente da autoria da Dra. Alexandra Weaver, do Dr. Daniel Weaver, Nick Adams e do Dr. Alexandros Yiannikouris utilizou uma técnica de meta-análise com meta-regressão para examinar os efeitos prejudiciais dos desafios de micotoxinas em suínos em crescimento. Esta meta-análise analisou detalhadamente o uso de extrato de parede celular de levedura (YCWE), como o contido no produto Mycosorb® da Alltech, para mitigar esses desafios.

O que é uma meta-análise e uma meta-regressão?

Uma meta-análise é uma técnica estatística utilizada em investigação para combinar e analisar os resultados de vários estudos independentes sobre um tema específico. Isto permite uma visão mais completa e fiável das provas. O processo inclui a revisão da literatura, utilização de critérios de inclusão e exclusão, extração de dados, análise estatística e interpretação dos resultados. As meta-análises são particularmente úteis quando os estudos individuais podem ter limitações, ou quando há necessidade de uma compreensão mais robusta.

A meta-regressão é um processo frequentemente utilizado na meta-análise para explorar e quantificar a relação entre as características do estudo e os efeitos observados num conjunto de estudos. Isto pode ajudar a identificar as fontes de variabilidade e avaliar se certos fatores podem estar a influenciar os efeitos gerais do tratamento observados.

Impactos das micotoxinas em suínos

Os suínos são uma das espécies mais sensíveis ao impacto das micotoxinas na saúde, crescimento e produtividade. O tipo e a concentração destas toxinas na alimentação, juntamente com a idade e a fase de produção do suíno, determinam o grau em que os animais são afetados. Os suínos jovens e as porcas/varrascos reprodutores são geralmente os mais suscetíveis.

Algumas das micotoxinas comuns que afetam os suínos são:

  • Aflatoxinas: Produzidas por fungos  Aspergillus, as aflatoxinas podem danificar o fígado. Também podem comprometer o sistema imunitário, aumentando a suscetibilidade a doenças, gerar taxas de crescimento reduzidas e prejudicar o desempenho reprodutivo. A aflatoxina B1 (AFB1) é especialmente nociva para os suínos.
  • Desoxinivalenol (DON): O desoxinivalenol afeta principalmente o trato gastrointestinal. Os suínos expostos ao DON podem ter ingestão reduzida de ração, vómitos, diarreia e alteração na absorção de nutrientes. A exposição crónica pode conduzir a uma baixa taxa de crescimento.
  • Zearalenona (ZEA): Muitas vezes vista como a micotoxina que causa mais danos, a zearalenona pode perturbar a função reprodutiva dos suínos. Pode induzir inchaço e vermelhidão da vulva, levando a falsos cios e a falsas gestações. Quando ocorre a gestação, as porcas sofrem mais abortos e parem leitões nados-mortos.
  • Ocratoxinas: Podem afetar a função renal. A exposição crónica a estas micotoxinas pode causar danos nos rins e reduzir a taxa de crescimento.
  • Fumonisinas (LMPs): As fumonisinas estão associadas a vários problemas de saúde, incluindo danos hepáticos e renais. Também demonstraram aumentar a gravidade de doenças como a síndrome reprodutiva e respiratória suína (PRRS) e diminuir a resistência a agentes patogénicos como a E. coli.
  • Toxinas T2-HT2: Pertencem ao grupo dos tricotecenos, produzidos por determinadas espécies de fungos  Fusarium. Sabe-se também que têm um impacto significativo na saúde animal quando presentes nos alimentos para animais.

Além destas, os investigadores identificam constantemente mais micotoxinas, e muitas delas também podem ser contaminantes frequentes das rações.

Resumo dos resultados do estudo

A meta-análise revela uma correlação significativa entre a exposição a micotoxinas e a diminuição do rendimento em suínos em crescimento. Mesmo quando os níveis de micotoxinas estavam abaixo do determinado pela legislação da UE e dos EUA, o ganho de peso médio diário (GMD) foi reduzido em 79 gramas. Em particular, quando pelo menos uma micotoxina excedeu os limites determinados por lei, a perda de ADG aumentou 85 gramas, acompanhada por uma redução significativa na ingestão média diária de alimento (ADFI) de 166 gramas.

A avaliação de um resumo dos resultados de 30 tratamentos diferentes mostra que a inclusão de extrato de parede celular de levedura (YCWE) durante desafios de micotoxinas pode aumentar o GMD. Os suínos alimentados com YCWE, quando o nível de micotoxinas está abaixo do determinado pela legislação, tiveram um GMD significativamente maior, de 48 gramas, em comparação com os suínos alimentados apenas com ração contendo micotoxinas. Mesmo com níveis mais elevados de micotoxinas, quando o YCWE foi administrado houve um aumento no GMD e uma tendência para um aumento no ADFI.

Implicações para os suinicultores

Compreender o impacto potencial das micotoxinas no desempenho dos suínos é crucial. Para os produtores de suínos, esta meta-análise que mostra que, mesmo quando essas toxinas ficam abaixo do determinado pela legislação, há uma redução percetível no desempenho de crescimento. O uso de soluções como YCWE tem um impacto benéfico significativo, pois permite proteger e até mesmo melhorar a saúde e o desempenho animal.

Em resumo

Esta investigação não só clarifica os efeitos adversos dos desafios das micotoxinas na saúde e na produção de suínos, como também realça o potencial da suplementação com YCWE para superá-los. YCWE é uma solução promissora, que oferece uma via para melhorar o desempenho dos suínos e mitigar o impacto da exposição a micotoxinas.

À medida que sabemos mais sobre o complexo universo da nutrição dos suínos, este conhecimento ajuda-nos a repensar as nossas estratégias perante a ameaça crescente das micotoxinas.

Aceda à meta-análise completa aqui.

Autor: Dr. Alexandra Weaver

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